O filme Crash (1976) é uma interpretação cinematográfica do romance homônimo de J.G. Ballard, publicado em 1973. O enredo segue a história de um grupo de personagens que se envolvem em acidentes de carro de propósito, como forma de experimentar a sensação de violência e morte. A trama é centrada em James Ballard, um cineasta que se envolve em um acidente de carro com Helen Remington, uma mulher casada. A partir desse momento, eles desenvolvem uma relação sexual obsessiva baseada em acidentes de carro.

O filme é construído em torno de cenas de sexo explícito, muitas vezes acompanhadas de cenas de acidentes de carro simulados. A julgar pelas reações do público e da crítica da época, o filme gerou controvérsia e choque pelo seu conteúdo sexualmente explícito e sua violência gráfica.

Para entender as complexidades apresentadas pelo filme Crash, é preciso analisar a forma como a violência e o sexo são retratados. A abordagem do filme sugere que esses dois elementos estão profundamente entrelaçados nas sociedades contemporâneas. Em outras palavras, a obsessão por sexo e a violência são consideradas como duas faces da mesma moeda.

Além disso, o filme sugere que essa obsessão por sexo e violência é uma resposta às sociedades modernas cada vez mais tecnológicas e desumanas. O mundo apresentado no filme é altamente industrializado e impessoal, onde as pessoas buscam outras formas de conexão física que não a intimidade emocional, como o sexo casual ou a violência autoinfligida.

Nós caímos uns nos outros para nos sentir, diz um dos personagens do filme. É como se as pessoas estivessem tentando preencher um vazio existencial e encontrar um senso de significado em um mundo cada vez mais isolado e alienante.

O filme Crash também pode ser visto como uma meditação sobre as relações entre sexo, morte e transcendência. Os personagens do filme buscam uma experiência que os faça sentir vivos, o que os leva a se envolver em acidentes de carro perigosos e a engajar em comportamentos sexuais cada vez mais extremos e insalubres.

No entanto, o filme não oferece uma resposta fácil ou confortável a essas questões. Em vez disso, Cronenberg apresenta um retrato profundamente perturbador de uma sociedade que está se desprendendo de sua própria humanidade.

Em conclusão, o filme Crash de 1976 é uma obra visceral e provocativa que levanta questões importantes sobre a obsessão por sexo e violência em sociedades contemporâneas. Embora possa ser desconfortável assistir, o filme é uma reflexão profunda sobre as complexidades do comportamento humano em um mundo cada vez mais tecnológico e desumanizado.

Referências:

- Ballard, J.G. Crash. Vintage, 2011.

- Ebert, R. Crash Movie Review & Film Summary (1997). RogerEbert.com. Acesso em 25 de maio de 2021.

- Cronenberg, D. From Novel to Film: The Challenges of Adapting Ballard's Crash. Adaptation, 7(1), 2014, pp. 46-56.